Seguem dois poemas de autoria da minha mãe, o primeiro é dedicado ao célebre Severino e o outro demonstra quão profunda é a alma dos poetas...
Si Fig
Severino, meu bichinho!
A Rosane te cantou em prosa e verso.
Que tu é cabra macho, veio do nordeste a pé. Eu fico imaginando a tua odisséia, um frangotinho ainda imberbe,
Se aventurar pela caatinga, enfrentar perigos inauditos:
Como onça pintada, sucuri na hora de beber água, e ainda o carcará malvado que pega, mata e come!
É meu bichinho...
Você é um sobrevivente, e que sobrevivente!
Daqueles como dizia meu marido nordestino:
Mata a cobra e mostra o pau, pensam que é mole,
o cabra tem que ser muiiito macho gente !!!!
Só que Severino nunca imaginou cair no gosto do povo,
das mulheres muito mais, deve ser o instinto materno,
ou então, meu bichinho, você é o Máximo.
Mostra pra eles Severino !!!!!!
Norma Figueredo
Foto: Norma Fig
Eu viajante de mim!
Venho de todos os tempos desde o primeiro dia da criação.
Sou criatura do criador.
Dos lugares por onde andei, trago as marcas no corpo.
Na alma, as sensações
Do mar do primeiro dia sinto, ainda na boca,
o gosto de sal
Revejo as ondas quebrando na praia,
A espuma branca e suave se esparramando
Na areia como o carinho do amado num gesto de amor!
Voei nas asas do vento até o topo do mundo.
Senti congelar meu corpo nas montanhas das neves eternas
Vi o ninho da águia lá em cima no penhasco
Andei por vales e canhadas, feri os pés nos espinhos
Ainda me lembro...
Vaguei pelas campinas em flor, e ao som do vento,
bailei com as borboletas azuis...
E por fim extasiada com tanta beleza,
entre as flores adormeci...
Dos lugares por onde andei, trago as marcas no corpo e, na alma uma certeza:
viver é a maior sensação!
Norma Figueredo