quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

INDOLÊNCIA, PALAVRA POÉTICA!

Uau, há quanto tempo não postamos uma novidade nesse glorioso blog. Só para não perder a oportunidade de fazer uma rima infame: Tenham paciência com nossa indolência! Risos...
Indolência é só um nome mais chique pra preguiça que se abateu sobre nossos corpos e mentes, mas para expulsar a preguiça de vez posto um poema bem longo e denso.
Só para saberem que vou "pegar pesado", antes, publico uma reflexão do Friedrich Nietzsche.

"Os grandes momentos da nossa vida são aqueles em que temos a coragem de rebatizar a nossa maldade como o melhor que em nós existe."

Abraço blogueado, Rosane Arostegui.




COMUNHÃO

Há dias em que desejo desabitar a luz
Romper com a formalidade
Fugir da cordialidade
Rasgar o título e o CPF
Queimar a identidade
Incendiar meus restos humanos.
Cortar o ventre da noite
Acordar a meretriz
Despertar a puta de plantão
Que habita o coração da madre superiora!

Há dias em que desejo
Rezar para Maria Madalena.
E cuspir na cruz...
Vomitar, escarrar
Despachar meu fel
No rosto de Jesus!
Tem dias que desejo lama.
E a negritude de tudo o que é vil
Fétido e purulento
Com vermes e sangue.
Caos fervilhante de vida!

Em determinados dias anseio
Por um mergulho nos pântanos.
Desejo me enterrar viva no lodo.
Espero que meu corpo
Fique lá no fundo
Emaranhado com raízes e barro...
O inerte habitante das naturezas mortas!

Para minha alma desejo
Sofrimento, tormento
Acasalamento com o mal supremo.
Que minha alma seja a mulher da vida de todos os demônios!
Que eu ressuscite a bruxa má,
Aquela que voa de vassoura nas trevas
E que foi banida de todas as aldeias.
Aquela que é perseguida pelo patriarcado
E temida por todos...
Como Lilith, Baba-Yaga
E todas as malditas,
Proscritas fêmeas comedoras de criancinha.

Que eu promova um festim
Num dia de lua negra.
Que eu convide Lúcifer para sair do inferno
E o Conde Drácula para se banquetear de sangue!
Quero a presença do bicho-papão
Do lobo mau
E de todos os monstros de plantão.

Quero gestar uma alma que se alimente de paixão
Alma ardente, incontinente.
Que se regozije nas chamas
Enquanto o corpo queima na fogueira!
Em determinadas noites
Quero dormir só para ter pesadelos...
Em determinados dias desejo estar assim:
Em perfeita comunhão com minhas sombras!

Rosane Arostegui

5 comentários:

Marilice Costi disse...

Querida, as mulheres, as sombras, a fogueira... as poetas iluminadas.
Grande beijo.
Espero a próxima poesia!
Marilice

www.marilicecosti.blogspot.com

Márcia disse...

Excelente retorno Rosane! Bj.

Carmen disse...

Noooossa amiguinha... sem comentários, quando conversamos sobre sombras, noutro dia, eu pensava só na ausência de luz rsrsrsr!!!
bjn
Carmen

Anônimo disse...

BARBARIDADE!!!!!!!!!!!!!!!!!!
esparramou tua caixinha de pandora?amei!!!!!rsrsrs...
diz o "I CHING"...as vezes é preciso mergulha r em tudo que de mais pérfido existe e mesmo assim sair ileso,sendo voce mesmo,o de sempre!!!kkkk!credo!!!!!!!
parabens! eu já sabia quão profunda é esta mente.graça.

Anônimo disse...

Ahhh, sim! Muito bem comunicado! Viva a sombra de mim!